Información | ||
Derechos | Equipo Nizkor
|
29ago16
Guardas florestais Ka'apor sofrem emboscada e mais um ramal madeireiro é descoberto na T.I Alto Turiaçu
Dois guardas florestais Ka'apor sofreram uma emboscada durante o último final de semana, dia 27, na Terra Indígena Alto Turiaçu (MA). De acordo com informações de integrantes do Conselho de Gestão Ka'apor, ambos estavam numa região de divisa com o povoado do Areal quando descobriram uma trilha que partia rumo ao interior da terra indígena. A seguiram e foram abordados a tiros de armas de fogo por pistoleiros.
"Armaram a tocaia porque sabem que estamos andando pra proteger o território. Tiramos os dois parentes da área. Eles não conseguiram ver quantos eram (pistoleiros). Tiveram que fugir ligeiro. O que a gente sabe é que são os madeireiros contratando pistoleiro da região pra tocaiar nosso povo", explica um dos Ka'apor integrante do Conselho. O indígena diz que outras trilhas para emboscadas foram abertas nas áreas limítrofes.
Eusébio Ka'apor foi assassinado na mesma região desta emboscada. Conforme informações apuradas junto aos Ka'apor, pistoleiros e madeireiros abordam indígenas nas cidades do entorno e os obrigam a dizer onde estão as lideranças do Conselho Ka'apor, guardas florestais e aliados do povo. "Não confiamos na polícia aqui. Sempre dizem que não podem fazer nada, que é a Polícia Federal… que não aparece também".
De acordo com os Ka'apor, as secretarias de Segurança Pública, Direitos Humanos e Participação Popular do Maranhão têm conhecimento "das agressões, invasão de aldeias, sequestro de Iraúna Ka'apor, ameaças de morte a lideranças e nunca fizeram nada para penalizar os reais agressores", dispara um indígena membro do Conselho. Desde 2012 os Ka'apor passaram a organizar guardas e a fortalecer as organizações sociais do povo.
"Há um processo de resguardo do território, maturidade do povo para assumir integralmente a defesa dele. Os Ka'apor estão assumindo a dianteira e autogestão na educação, proteção territorial e sustentabilidade", analisa um indigenista próximo aos Ka'apor. Para ele, o fortalecimento das organizares sociais do povo prejudicou a operação madeireira no território e a infiltração de agentes corruptos nas 17 aldeias Ka'apor.
Avivamento dos limites
O segundo grupo da Guarda Florestal Ka'apor encontrou um segundo ramal madeireiro ativado na área limítrofe da Alto Turiaçu com o povoado de Araguaína, município de Centro do Guilherme. "Passaram pra gente que cinco caminhões e tratores trabalharam diariamente derrubando árvores. À noite retiram a madeira (foto acima). As toras são levadas, explicam os indígenas, para uma serraria queimada pelo Ibama em junho e reativada para o crime ambiental. A nossa revolta aqui é o descaso, ausência de fiscalização do governo", relata a liderança Ka'apor do Conselho ouvida.
Os Ka'apor garantem que continuam com o que chamam de avivamento dos limites da terra indígena. A estratégia tem dado certo: os guardas florestais descobriram fazendeiros que estenderam pastos para dentro da terra indígena. "Retiraram os rebanhos contrariados e perguntaram quem está financiando os indígenas", diz a liderança. Além de retirada de madeira, os Ka'apor começam a descobrir fazendas de gado na Alto Turiaçu.
Seguindo a ideia de autogestão, o Conselho de Gestão Ka'apor tem acompanhado os trabalhos da Guarda e mobilizado aldeias para garantir alimentação - farinha, frutas e caças - às áreas de proteção criadas e aos acampamentos avançados.
"Se o Estado tivesse presente, impedindo esses criminosos, nós seguiríamos fazendo o trabalho, mas com mais segurança e justiça. Queimar madeireiras ilegais, por exemplo, a gente não pode fazer ou prender os mandantes do assassinato do Eusébio, que sabemos quem são", encerra.
[Fonte: Por Assessoria de Comunicação - Cimi, Conselho Indigenista Missionário, Brasilia, 29ago16]
This document has been published on 02Sep16 by the Equipo Nizkor and Derechos Human Rights. In accordance with Title 17 U.S.C. Section 107, this material is distributed without profit to those who have expressed a prior interest in receiving the included information for research and educational purposes. |